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Surround Sonorização de Ambientes

COMO O CÉREBRO OUVE OS SONS E SEU PODER

Atualizado: 9 de mar. de 2021

Para a física, o som é tão somente uma vibração sonora. Para a psicologia, no entanto, o som é observado como uma espécie de experiência que o cérebro extrai de seu meio ambiente. Noutras palavras, é uma sensação auditiva. É comum ouvirmos dizer que uma pessoa tem “bom ouvido para música”. O certo, no entanto, seria falar que ela tem uma “boa mente”.


O conjunto formado pelas orelhas e o canal do ouvido funciona como um sistema receptor-transmissor, que transforma as vibrações sonoras em impulsos nervosos, e os conduz até o cérebro – que reconhece e interpreta os estímulos. A maior parte dos nossos neurônios auditivos primários é extremamente suscetível ao fenômeno do hábito. Assim, necessita sempre ser estimulada, por meio de constantes renovações de sons, sob pena de se tornar indiferente a eles. Quando estamos expostos por muito tempo a sons monótonos e semelhantes, nosso cérebro acaba por se acostumar com eles e esses sons passam a não mais serem notados. Nesse sentido, o cérebro está interessado, primordialmente, nas mudanças. Quando uma música se torna excessivamente regular, ele passa a rejeitá-la. Quando ouvimos sons que não mudam, nossos cérebros se habituam e passam a ignorá-los. Veja, por exemplo, o ruído monótono do ar condicionado ou o barulho constante das turbinas de aviões. São sons que ouvimos no momento em que entramos no ambiente, mas que logo ignoramos e “esquecemos” com o passar do tempo.


A percepção do som é um processo bastante complexo, sendo talvez a audição o sistema sensorial mais extensamente estudado pela ciência.

Chama-se Psicoacústica o estudo de como as mentes percebem os sons que as cercam. Os pesquisadores afirmam que, para haver a completa percepção de um som, não basta captar os estímulos e transformá-los em impulsos nervosos. É preciso também ter a plena capacidade mental de interpretar tais estímulos.


Por exemplo, cerca de 5% da população mundial não consegue perceber uma variação de meio-tom nas notas de uma melodia familiar. São os chamados surdos tonais, também conhecidos como os desafinados “cantores de chuveiro” – seus ouvidos captam as variações nos sons, mas seus cérebros não conseguem interpretá-las. No outro extremo demográfico, estão aqueles que possuem o chamado “ouvido absoluto” inato. Uma em cada 10 mil pessoas possui essa capacidade cerebral, sendo capaz de identificar, sem qualquer tipo de referência, a afinação de qualquer nota musical.


A voz humana, tal qual nossas impressões digitais, é única. Não existe nenhuma pessoa no planeta capaz de ouvir sua própria voz da mesma maneira que ela mesma. Isso porque, ao falar ou cantar, escutamos nossa voz duas vezes – uma através do canal do ouvido e outra através da reverberação do som em nossos próprios ossos. A condução sonora pela ossatura altera a frequência original do som e explica o porquê de não reconhecermos nossas próprias vozes, quando gravadas. É muito comum as pessoas se espantarem ao ouvir pela primeira vez suas vozes em uma gravação. Isso porque ela contém apenas um componente da voz que normalmente se escuta: a parte captada através do canal do ouvido.


Dessa forma, mesmo as pessoas surdas conseguem perceber as vibrações sonoras, “ouvindo” através do tato, numa experiência puramente física.


Beethoven, praticamente surdo no final de sua vida, foi capaz ainda de criar composições incríveis – conta-se que ele mordia o piano para ouvir as notas através de sua própria mandíbula! Outro exemplo é caso da percussionista escocesa Evelyn Glennie, que toca vários instrumentos, em apresentações solo ou em grupo, mesmo sendo totalmente surda. Glennie, ao longo dos anos, desenvolveu enormemente a nossa habilidade de ouvir por meio de outras partes do corpo que não seja apenas o canal auditivo.


A música pode ser usada para relaxar, estimular a memória e a imaginação, e melhorar a capacidade de atenção e aprendizagem, bem como o senso de movimento e de expressão corporal. Além disso, muitas vezes é utilizada com fins terapêuticos, em tratamentos de Musicoterapia. De acordo com a International Society for Music in Medicine (ISMM), existem centenas de pesquisas que comprovam que a música pode ser altamente eficaz no controle da dor, na redução da pressão sanguínea, no alívio do estresse e na melhora no sistema endócrino. E em sentido oposto, ficou comprovado que pacientes com quadros de privação sonora podem apresentar traumas e sintomas depressivos.

Fonte: Trecho do livro Music Branding de Guto Guerra

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